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sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

A Cabanagem / Guerra dos Cabanos

                               


A Cabanagem foi uma revolta que aconteceu na província do Grão-Pará, entre os anos de 1835 e 1840, durante o Período Regencial. Logo após a abdicação de Dom Pedro I e enquanto se aguardava Dom Pedro II atingir a maioridade, o império brasileiro foi governado por regentes. 

Esse período foi marcado por revoltas provinciais, e no Grão-Pará aconteceu a Cabanagem, uma das mais violentas desse período. As causas da revolta foram a grave situação econômica e social da região e a disputa pelo poder na província. Os principais líderes eram indígenas, negros e pobres, mortos pelas tropas regenciais.

Contexto da Cabanagem

Dom Pedro I abdicou do trono do império brasileiro em 1831. Seu herdeiro, Dom Pedro II, tinha apenas cinco anos de idade e não poderia sucedê-lo. Enquanto se aguardava a maioridade do futuro imperador, o Brasil foi governado por regentes. Em 1834, foi publicado o Ato Adicional que concedia relativa autonomia às províncias. O Período Regencial foi marcado por agitações políticas e revoltas em várias províncias brasileiras.

O Brasil seguiu o caminho inverso das antigas colônias espanholas, que, logo após a independência, transformaram-se em repúblicas. O ideal republicano esteve na pauta de várias revoltas regenciais. Para derrotar essas revoltas e manter a unidade territorial do império brasileiro, o governo regencial não poupou esforços em enviar tropas e derrotar os líderes das revoltas. Em vários casos, usou-se da violência para que servisse de exemplo e evitar novas revoltas.

O Grão-Pará era uma província que se localizava no Norte do Brasil e muito distante do Rio de Janeiro, capital do império. Isso fez com que a província tivesse mais proximidade com Portugal do que o governo imperial. As forças portuguesas tinham influência na região e entraram em conflito com as forças brasileiras, que estavam em ascensão logo após a independência do Brasil, em 1822.

Causas da Cabanagem

As principais causas da Cabanagem foram:
> crise política e econômica no Grão-Pará;
> autoritarismo do governo local nomeado pelos regentes;
> camadas populares exigiam melhores condições de vida e o fim da escravidão;
> disputas entre brasileiros e portugueses.

Estouro da Cabanagem

Desde a independência do Brasil, em 1822, a província do Grão-Pará enfrentava conflitos políticos entre brasileiros e portugueses. A população local se organizou para expulsar os portugueses, que desejavam manter a colonização brasileira.

Desde 1832, os governantes nomeados pelos regentes não eram aceitos pelo povo. A chegada de Bernardo Lobo de Sousa para governar a província desencadeou uma revolta armada. Sua forma autoritária e repressiva de governar o Grão-Pará fez com que os revoltosos fizessem um levante para derrubá-lo do poder e definitivamente expulsar os portugueses que controlavam o comércio da região.

Em 1835, começava a Revolta da Cabanagem, fruto da resistência do Grão-Pará contra as péssimas condições sociais, a presença portuguesa e o autoritarismo dos governantes enviados pela regência. O nome da revolta é uma referência ao termo como os revoltosos foram chamados: cabanos, que moravam em palafitas, também conhecidas como cabanas.

Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre prenderam e mataram o governador Bernardo Lobo de Sousa e instalaram um novo governo no Grão-Pará, liderado por Malcher. Porém, como aconteceu em várias revoltas provinciais, os integrantes do novo governo entraram em conflito por conta dos diversos interesses que entraram em choque.

Francisco Vinagre se desentendeu com Félix Malcher e, como liderava as tropas, tentou derrubar o novo governante, mas acabou preso. Seu irmão, Antônio Vinagre, assassinou Melcher e empossou Francisco como governador do Grão-Pará.

Outro líder que começou a se destacar na Cabanagem foi Eduardo Angelim, muito popular na camada mais pobre. Angelim liderou as tropas revoltosas contra o ataque do almirante britânico John Taylor, que chefiou os soldados imperiais no combate aos cabanos. Apesar de Taylor ter ocupado a capital Belém, as tropas de Angelim conseguiram reverter a situação, expulsar o almirante e assumir o comando da capital, proclamando um governo republicano.

Eduardo Angelim se tornou o novo governador do Grão-Pará e decidiu fazer um governo voltado às questões sociais e econômicas que tanto afligiam as camadas mais pobres da província. Apesar de ter apoio popular, Angelim não tinha apoio político, o que não garantiu a estabilidade do governo republicano recém-instalado.

As investidas dos soldados imperiais contra os revoltosos foram um sucesso, e Angelim foi deposto e preso. A capital retornou para a administração regencial e os cabanos se refugiaram para o interior da província, na última tentativa de resistir aos ataques militares dos soldados imperiais.

Entre 1837 e 1840, a luta entre revoltosos e governo regencial se deu de forma violenta. A Cabanagem saiu derrotada, mas entrou para a história como sendo a única revolta em que representantes das camadas populares assumiram o poder em uma província.


Líderes da Cabanagem

Os principais líderes da Cabanagem foram:

Felix Clemente Malcher

Nascido em 1772, na cidade paraense de Monte Alegre, Francisco Clemente Malcher foi militar e se tornou o primeiro governante a assumir o poder no Grão-Pará, logo após a eclosão da Revolta da Cabanagem. Porém, como governador, Malcher se afastou das reivindicações da revolta e começou a perseguir seus antigos companheiros de luta. Ele declarou sua fidelidade à Dom Pedro II e prometeu ficar no poder até a maioridade do futuro imperador. Em 20 de fevereiro de 1835, Malcher foi deposto e morto pelos integrantes da Cabanagem.

Francisco Vinagre

Logo após a deposição e morte de Félix Clemente Malcher, quem assumiu o poder do Grão-Pará foi Francisco Vinagre. Nascido em Belém, no ano de 1793, Vinagre era chefe das tropas da Cabanagem enquanto Malcher era governador. Desentendimentos entre os dois fizeram com que o governo cabano se desestabilizasse. Vinagre foi preso, mas seu irmão, Antônio Vinagre, matou Malcher e o libertou, empossando-o como novo governador. Tal qual o primeiro governante da Cabanagem, Francisco Vinagre foi acusado de traição e de se aliar aos regentes.

Eduardo Angelim

Eduardo Angelim nasceu em 1814, foi lavrador e um dos líderes da Cabanagem. Desde a juventude, participou ativamente da política no Grão-Pará. Foi o último governante da província e tentou fazer um governo voltado para as questões sociais. A falta de apoio político desestabilizou seu governo, o que favoreceu a retomada do poder regencial.

A Província do Grão-Pará era uma das maiores em extensão territorial. Localizada no Norte do Brasil, seu território ocupava as regiões onde hoje são Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia e Tocantins.

Por conta da sua posição geográfica, a província estava isolada do Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, e bem mais próxima de Portugal. Por isso, a influência portuguesa era mais forte na região do que as decisões vindas do governo central brasileiro. Logo após a independência brasileira, a população do Grão-Pará se mobilizou para expulsar os portugueses e aderir ao império brasileiro.

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