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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Estão abertas as inscrições para o Projeto Arte e Vida no Bairro do ESCONDIDINHO/VULCÃO


Estão abertas a partir de hoje, dia 15 de fevereiro de 2019, as inscrições para o Projeto Arte e Vida no Bairro do ESCONDIDINHO/VULCÃO.

O Projeto é fruto de uma parceria entre o Instituto Cultural Raízes (que é a instituição responsável pela execução das atividades), a Diocese de Floresta, a Paróquia de Floresta e a Comunidade do ESCONDIDINHO/VULCÃO.

Para essa chamada, o Projeto atenderá crianças, pré adolescentes, adolescentes e jovens da comunidade com a realização de diversas oficinas, tais como:

MÚSICA:
- Maracatu de Baque Virado, Samba Reggae, Violão e Flauta Doce

DANÇAS:
- Danças Afrobrasileiras/Indígenas e Populares

ARTES:
- Pintura em Tela, Artesanatos diversos 

MÍDIA E COMUNICAÇÃO:
- Audiovisual 

JOGOS EDUCATIVOS:
- Xadrez

Para se inscrever, as pessoas interessadas devem procurar adquirir a Ficha de Inscrição com MARCIANO e/ou LIBÂNIO.

O PRAZO DE INSCRIÇÃO VAI ATÉ O DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2019.

O INÍCIO DAS ATIVIDADES SERÁ NO DOMINGO, DIA 24 DE FEVEREIRO DE 2019.

O Projeto ARTE E VIDA, tem como objetivo principal Promover a valorização da vida, a partir da construção da identidade sócio-cultural e da formação para a cidadania.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Estão abertas as inscrições para o Projeto Arte e Vida no Bairro do DNER


Estão abertas a partir de hoje, dia 13 de fevereiro de 2019, as inscrições para o Projeto Arte e Vida no Bairro do DNER.

O Projeto é fruto de uma parceria entre o Instituto Cultural Raízes (que é a instituição responsável pela execução das atividades), a Diocese de Floresta, a Paróquia de Floresta e a Comunidade do DNER.

Para essa chamada, o Projeto atenderá crianças, pré adolescentes, adolescentes e jovens da comunidade com a realização de diversas oficinas, tais como:

MÚSICA:
- Maracatu de Baque Virado, Samba Reggae, Violão e Flauta Doce

DANÇAS:
- Danças Afrobrasileiras/Indígenas e Populares

ARTES:
- Pintura em Tela, Artesanatos diversos 

MÍDIA E COMUNICAÇÃO:
- Audiovisual e Computação Básica

JOGOS EDUCATIVOS:
- Xadrez

Para se inscrever, as pessoas interessadas devem procurar adquirir a Ficha de Inscrição com as irmãs Darcylene e Graça.

O PRAZO DE INSCRIÇÃO VAI ATÉ O DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2019.

O INÍCIO DAS ATIVIDADES SERÁ NO SÁBADO, DIA 23 DE FEVEREIRO DE 2019.

O Projeto ARTE E VIDA, tem como objetivo principal Promover a valorização da vida, a partir da construção da identidade sócio-cultural e da formação para a cidadania.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Escravidão de inocentes: 10 milhões de crianças são escravizadas


Parece que a escravidão no mundo não é um problema que deixamos no passado. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40 milhões de pessoas no mundo sofrem com o trabalho escravo. E uma em cada quatro vítimas da escravidão moderna é criança – o que representa 10 milhões de crianças.

De acordo com a Convenção nº 29 da OIT (adotada em 1930), “trabalho forçado ou compulsório é todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de uma sanção e para o qual a pessoa não se ofereceu espontaneamente”. Colocando em termos mais simples, a escravidão moderna ocorre quando pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra sua vontade, sob a ameaça de indigência, detenção, violência ou morte. Ou quando são submetidas a jornadas exaustivas e condições degradantes de trabalho. A definição brasileira consta no artigo 149 do Código Penal brasileiro.

Mesmo com a escravidão proibida oficialmente no Brasil desde 13 de maio de 1888, o país ainda sofre com esse tipo de crime. Só em 2018, auditores-fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 1.723 pessoastrabalhando em condições análogas às de escravo no país. Em 2017, haviam sido 645 pessoas nessa situação.

O trabalho infantil também é proibido no Brasil e, mesmo assim, segue sendo a realidade de 1,8 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. Isso desconsiderando os adolescentes que trabalham em atividades permitidas pela lei. Muitas das crianças que trabalham no país estão expostas, inclusive, às piores formas de trabalho infantil, que incluem trabalhos forçados, tráfico, servidão por dívida e exploração sexual, entre outras formas.

14 filmes para quem não engole o racismo



Josie Conti

1- Green Book: O Guia

Green Book é um filme de comédia dramática estadunidense acerca de uma turnê na região de Deep South, nos Estados Unidos, feita pelo pianista de jazz clássico Don Shirley (Mahershala Ali) e Tony Vallelonga (Viggo Mortensen), um segurança ítalo-americano que trabalhou para Shirley como motorista e segurança. Dirigido por Peter Farrelly, o roteiro foi escrito por Farrelly, Brian Hayes Currie e Nick Vallelonga, baseado nas entrevistas de seu pai e de Shirley, além das cartas que foram enviadas à sua mãe.[4] O título do filme foi influenciado pelo livro The Negro Motorist Green Book, informalmente chamado de Green Book, que se tratava de um guia turístico para viajantes afro-americanos, escrito por Victor Hugo Green para ajudá-los a encontrar dormitórios e restaurantes favoráveis.

Green Book teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2018, onde foi galardoado com o People’s Choice Award, que premia os filmes mais populares entre os festivais. Em 16 de novembro de 2018, foi lançado teatralmente nos Estados Unidos por intermédio da Universal Pictures. O filme recebeu aclamação generalizada, cujas avaliações reconheceram prosseguidamente as atuações de Mahershala Ali e Viggo Mortensen. Além disso, foi escolhido pelo National Board of Review como o Melhor Filme de 2018, e entrou para um dos Melhores Dez Filmes selecionados pelo American Film Institute. Recebeu, ainda, indicações para o Prémios Globo de Ouro de 2019 nas categorias de Melhor Filme de Comédia ou Musical, Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical(Mortensen), Melhor Ator Coadjuvante (Ali), Melhor Direção e Melhor Roteiro.

                    

2- Viver sem endereço ( Shelter)

Dois moradores de rua, Tahir (Anthony Mackie) e Hannah (Jennifer Connelly) de Nova York vivem rodeados por desespero, perigos e incertezas. Eles acabam se conhecendo e se apaixonando. Tahir e Hannah encontram consolo e força e, aos poucos, contam um ao outro como foram parar nesta situação de dificuldade, e percebem que juntos podem tentar construir uma vida melhor.

                      

3- O mordomo da Casa Branca ( The Butler)

1926, Macon, Estados Unidos. O jovem Eugene Allen vê seu pai ser morto sem piedade por Thomas Westfall (Alex Pettyfer), após estuprar a mãe do garoto. Percebendo o desespero do jovem e a gravidade do ato do filho, Annabeth Westfall (Vanessa Redgrave) decide transformá-lo em um criado de casa, ensinando-lhe boas maneiras e como servir os convidados. Eugene (Forest Whitaker) cresce e passa a trabalhar em um hotel ao deixar a fazenda onde cresceu. Sua vida dá uma grande guinada quando tem a oportunidade de trabalhar na Casa Branca, servindo o presidente do país, políticos e convidados que vão ao local. Entretanto, as exigências do trabalho causam problemas com Gloria (Oprah Winfrey), a esposa de Eugene, e também com seu filho Louis (David Oyelowo), que não aceita a passividade do pai diante dos maus tratos recebidos pelos negros nos Estados Unidos.

                        

4- Raça (Race)

Cinebiografia de Jesse Owens (Stephan James), atleta negro americano que ganhou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, superando corredores arianos em pleno regime nazista de Adolf Hitler.

                      

5- 12 anos de escravidão (12 Years a Slave)

1841. Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.

                        

6- Histórias Cruzadas (The Help)

Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.

                       

7- O Sol é para Todos (To Kill a Mockingbird)

Jean Louise Finch (Mary Badham) recorda que em 1932, quando tinha seis anos, Macomb, no Alabama, já era um lugarejo velho. Nesta época Tom Robinson (Brock Peters), um jovem negro, foi acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Seu pai, Atticus Finch (Gregory Peck), um advogado extremamente íntegro, concordou em defendê-lo e, apesar de boa parte da cidade ser contra sua posição, ele decidiu ir adiante e fazer de tudo para absolver o réu

                        

8- Tempo de Matar (A Time To Kill)

Em Canton, no Mississipi, dois brancos espancam e estupram uma menina negra de dez anos. Eles são presos, mas quando estão sendo levados ao tribunal para terem o valor da sua fiança decretada o pai da garota (Samuel L. Jackson) decide fazer justiça com as próprias mãos e mata os dois na frente de diversas testemunhas, além de acidentalmente ferir seriamente um policial. Ele é preso rapidamente, mas a cidade se torna um barril de pólvora e, além do mais, a defesa tem de se defrontar com um juiz que não permite que no julgamento se mencione a razão que fez o pai cometer o duplo homicídio, pois o julgamento é de assassinato e não de estupro.

                        

9- Selma- uma luta pela igualdade (Selma)

Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr (David Oyelowo), que acompanha as históricas marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para a comunidade afro-americana.

                       

10- Cidade de Deus

Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.

                         

11- Cidade de Deus 10 anos depois

Como o próprio título já diz, resgata os dez anos passados desde o lançamento de Cidade de Deus (2002), longa de Fernando Meirelles e Kátia Lund que recebeu quatro indicações ao Oscar. Procura mostrar as transformações vividas pelos atores do longa na última década. Deram entrevistas atores como Seu Jorge, Alice Braga, Leandro Firmino da Hora, Darlan Cunha, Roberta Rodrigues, dentre outros.

                            

12- Mandela- o caminho para liberdade (Mandela: Long Walk to Freedom)

Inspirado na autobiografia de Nelson Mandela, lançada em 1994, o filme retrata todo o percurso traçado pelo líder sul-africano a partir de seu próprio ponto de vista, desde a sua infância, vivendo em uma pequena aldeia rural, até a eleição democrática ao cargo de Presidente da República da África do Sul. Em uma luta constante pelo fim do apartheid no país, Mandela (Idris Elba) chegou a passar 27 anos em cárcere pelo que acreditava.

                             


A vida da cantora, pianista e ativista Nina Simone (1933-2003). Usando gravações inéditas, imagens raras, diários, cartas e entrevistas com pessoas próximas a ela, o documentário faz um retrato de uma das artistas mais incompreendidas de todos os tempos.

                        

14- Bem-vindo a Marly-Gomont (Bienvenue à Marly-Gomon)

1975. Seyolo Zantoko (Marc Zinga) é um médico que acabou de se formar em Kinshasa, capital do seu país natal, o Congo. De lá, ele decide partir para uma pequena aldeia francesa, um vilarejo que lhe deu uma imperdível oportunidade de trabalho. Com a sua família ao seu lado, Zantoko embarca na maior jornada de sua vida, onde precisará vencer o preconceito e as barreiras culturais para vencer.

                          

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Seleção: Josie Conti. Imagens divulgação. Com sinopses de Adoro Cinema e Wikipedia

Intelectual e feminista: Lélia Gonzalez, a mulher que revolucionou o movimento negro


"Foi uma grande revolucionária e evidenciou a posição estratégica das mulheres negras na sociedade brasileira"

Letícia Fialho
Brasil de Fato


Independente, revolucionária e feminista negra. Antropóloga, filósofa e intelectual, Lélia d’Almeida Gonzalez, se estivesse viva, completaria 83 anos nesta quinta-feira (1º).

Nascida em Belo Horizonte (MG), Gonzalez colocou sua intelectualidade a serviço da luta das mulheres no Brasil. De origem pobre, ainda jovem, trabalhou como babá. Se graduou em História e Filosofia, passando a lecionar na rede pública de ensino e, posteriormente, já na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), lecionou Antropologia e Cultura Popular Brasileira, chegando a ser diretora do departamento de Sociologia e Política.

"Ela foi uma das grandes revolucionárias desse país. Sua crítica evidenciou que as mulheres negras tinham uma posição estratégica, tanto no movimento negro, quanto no feminista" diz a arquiteta e urbanista Joice Berth, integrante do Coletivo Imprensa Feminista.

Por meio da psicanálise, do Candomblé e do contato com a cultura brasileira, Lélia assumiu sua condição de mulher negra. Em sua militância, trouxe reflexões sobre a realidade das mulheres, principalmente negras e indígenas.

"Ela despertou para a questão do espaço físico e urbano, em Lugar de Negro, ela critica o problema racial que está impregnado na superfície da cidade e na formação da periferia" ressalta Berth.

A autora foi além de seu tempo e conseguiu apontar o racismo e o sexismo existentes na sociedade brasileira, como comenta a jornalista, integrante da Marcha das Mulheres Negras Juliana Gonçalves: “É uma figura de importância ímpar para toda a sociedade, inclusive para as mulheres brancas. Foi uma das primeiras mulheres negras que conseguiu ter voz e vez em seminários e encontros internacionais de mulheres aqui na América Latina”.

Lélia participou do Instituto de Pesquisa das culturas negras (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras. Sua produção intelectual também é vasta. É autora de obras como Festas populares no Brasil, premiado na feira de Frankfurt, e da já mencionada Lugar de negro, feita em parceria com Carlos Hasenbalg. “O nível de elaboração da Lélia era muito refinado, ao mesmo tempo em que era fácil compreender o que ela estava falando”, observa Gonçalves.

Com base em seus estudos, deu origem ao conceito de Amefricanidade, enfocando a questão do negro da diáspora. “Ela bebeu muito dos EUA, mas nunca perdeu o vínculo do que é ser mulher negra, brasileira, da América Latina”, completa Gonçalves.

Para além da academia, Lélia também teve importante atuação política. Nos anos 1980, foi indicada para o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e, em duas ocasiões — em 1982 e 1986 — foi candidata a deputada federal, conquistando a suplência em ambas as oportunidades.

Faleceu aos 59 anos, no Rio de Janeiro, em 10 de Julho de 1994, vítima de problemas cardiorrespiratórios. Lélia Gonzalez é considerada um dos grandes nomes do movimento negro contemporâneo.

Edição: Vanessa Martina Silva

Meninos que morreram no CT do Flamengo foram vítimas de um crime e não de um acidente


Por Libânio Neto - Da Redação

Dez jovens morreram e três ficaram feridos após um incêndio no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta sexta-feira (8). Segundo informações, o incêndio aconteceu no alojamento dos jogadores da base, formado por adolescentes que têm entre 14 e 17 anos. 

A área onde estava o alojamento tinha permissão da prefeitura para funcionar apenas como estacionamento. Ou seja, não era um espaço apropriado para a instalação de um alojamento.

O crime

Nesse sentido o alojamento onde os meninos morreram não existia oficialmente. 

De acordo com outras informações, o Flamengo já havia sido multado por várias vezes, pelo fato de não ter alvará.

Isso configura o crime de descaso com a vida humana, cuja consequência foi a morte dos meninos.

O Flamengo precisa ser responsabilizado pelo que ocorreu e seu Presidente deveria ser preso e julgado por cada vida perdida.

É inaceitável que um clube que gasta milhões para contratar jogadores e com suas instalações propagadas e, ao mesmo tempo tratar meninos de forma desumana e criminosa.

Nomes dos mortos

O site IG divulgou o nome dos mortos na tragédia, entre atletas e funcionários: Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Piseta, Christian Esmério, Gedson Santos, Pablo Henrique, Samuel Thomas, Victor Isaías, Jorge Eduardo e Kykelmo de Souza Vianna.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

O suicídio de Sabrina, a ativista que denunciou João de Deus, e a vida com um propósito. Por Daniel Trevisan

                  
Publicado por Diario do Centro do Mundo 
3 de fevereiro de 2019

Sabrina Bittencourt, a ativista pelos direitos das mulheres que denunciou o médium João de Deus e o guru Prem Baba por abuso sexual, cometeu suicídio neste sábado.

A notícia foi postada no Facebook pelo filho de Sabrina, Gabriel Brum. “Ela deu o último passo pra gente poder viver. Eles mataram minha mãe”, escreveu. Sabrina tinha 37 anos e sofreu abuso quando criança.

A seguir, leia na íntegra o post despedida escrito por Sabrina Bittencour:

“Marielle me uno a ti. Somos semente. Que muitas flores nasçam dessa merda toda que o patriarcado criou há 5 mil anos! Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. 

Perdão por não aguentar, meus filhos. 
VOCÊS TERÃO MILHARES DE MÃES NO MUNDO INTEIRO. 

Minhas irmãs e irmãos na dor e no amor, cuidem deles por mim… Eu sempre disse que era só uma pequena fagulha. Nada mais. Só pó de estrelas como todos. 

USEM A SUA PRÓPRIA VOZ. A SUA PRÓPRIA VONTADE. TOMEM AS RÉDEAS DE SUAS PRÓPRIAS VIDAS E ABRAM A BOCA, NÃO TENHAM VERGONHA! ELES É QUEM PRECISAM TER VERGONHA. 

Não aguento mais. 

Todas as provas, evidências, sistemas de apoio, redes organizadas e sobretudo, meu legado e passagem por aqui está entregue ou chegará às mãos corretas. 

As REDES DE APOIO AOS BRASILEIR@S FORAM CRIAD@S E SE EXPANDIRÃO NA VELOCIDADE DA LUZ! Não se desesperem. 

Dessa vida só levamos o mais bonito e o aprendido. 
Paulo Pavesi, eu sinceramente sinto muito pela morte do seu filho. Tenha certeza, que se eu soubesse da sua história na época, implicaria minha vida e segurança como fiz com centenas de pessoas. 

Damares, eu sei que você não teve tratamento psicológico quando deveria e teve sequelas, servindo de marionete neste sistema de merda que te cooptou, acolheu e com o qual você se sente em dívida o resto da sua vida. Não tenho dúvidas que você amou e cuidou da sua “Lulu” como gostaria de ter sido cuidada e protegida na sua infância, mas ela nao é uma bonequinha bonita que você poderia roubar e sair correndo… 

Giulio Sa Ferrari, eu te considerei um irmão e você sabia de todas as minhas rotas de fuga… eu vi em você a pureza de um menino que nunca foi notado por uma sociedade neurotípica que não entendia os neuroatípicos, mas reputação é algo que se constrói e não é de um dia ao outro. 

Gabriela Manssur, muito obrigada por me fazer ter esperança de que elas serão ouvidas e atendidas em suas necessidades. 

João de Deus, Prem Baba, Gê Marques, Ananda Joy, Edir Macedo, Marcos Feliciano, DeRose Pai, DeRose filho, todos os padres, pastores, bispos, budistas, espíritas, hindús, umbandistas, mórmons, batistas, metodistas, judeus, mulçumanos, sufis, taoístas, meus familiares, Marcelo Gayger, Jorge Berenguer, eu desconheço a sua infância e a sua criação pelo mundo, mas sei no meu íntimo que TODO MENINO NASCEU PURO e foi abusado, corrompido, machucado, moldado, castrado, calado, forçado a fazer coisas que não queria, até se converter talvez, cada um à sua maneira, em tiranos manipuladores (em maior ou menor grau) que ao não controlar os próprios impulsos, tentam controlar a quem consideram mais frágil e assim praticam estupros, pedofilia, adicções diversas… Eu sei, eu sinto, eu vi. 

Mas ainda assim, preferi SEMPRE ficar do lado mais frágil nesta breve existência: mulheres, crianças, idosos, jovens, povos originários, afrodescendentes, refugiados, ciganos, imigrantes, migrantes, pessoas com deficiência, gays, pobres, lascados, fudidos, rebeldes e incompreendidos… 

Essa vida é uma ilusão e um jogo de arquétipos do bem e do mal, de dualidades… desde que o mundo é mundo. Vivo num outro tempo desde que nasci e sempre senti que vivia num mundo praticamente medieval. 

Volto pro vazio e deixo minha essência em PAZ. Aos meus amigos, amadas e amantes, nos encontraremos um dia! Sintam meu amor incondicional através do tempo e do espaço. SIM e FIM.”

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A morte é sempre um mistério, algo incompreensível, e dar fim à própria vida um mistério ainda maior. Não há explicação que satisfaça.


Portanto, não é para morte e sim para a vida de Sabrina Bittencourt que devemos olhar. A vida que teve um propósito, como ela mesma disse:

“Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês.”

Ela deu voz a quem sofria de um mal silencioso, às vezes por anos, às vezes a vida toda, em que o abusador busca a cumplicidade de sua vítima.

Sua luta foi para mostrar que esta, a vítima — seja mulher ou homem, também abusado — nunca é culpada. Nunca.

Era o que ela dizia a uma das mulheres que denunciaram João de Deus, e que também se matou, logo depois de estourar o escândalo.

A vítima se desesperou quando viu pela TV que João de Deus havia trabalhado normalmente em sua igreja, em Abadiânia.

Imaginou que não fosse dar em nada.

Mas parece que deu, e muito dessas consequências se deve ao trabalho de Sabrina.

“Que muitas flores nasçam dessa merda toda que o patriarcado criou há 5 mil anos!”

Foi seu último grito, uma frase que guarda a esperança, a constatação de que, do lodo, emerge a flor de lótus.

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Há dois anos falecia dona Marisa Letícia Lula da Silva


por Esmael Morais

Neste domingo (3), completam-se dois anos do falecimento de dona Marisa Letícia, esposa e companheira de caminhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela faleceu no dia 3 de fevereiro de 2017 em decorrência de um AVC, aos 66 anos.

Ela se manteve discreta em sua vida pessoal, embora sempre tenha sido uma ativista. Quando jovem, dos 13 aos 19 anos, trabalhou embalando bombons em uma fábrica de chocolates.

Iniciou sua militância na política junto com o marido, eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em 1975. Foi ela quem liderou a Passeata das Mulheres, em protesto pela liberdade dos sindicalistas.


Participou da vida política de Lula, mas teve também sua militância própria, inclusive durante a ditadura militar. Em 1980, Lula e outros líderes metalúrgicos estavam presos e Marisa Letícia, por conta de uma intervenção no sindicato, transferiu sua sede à sala de sua casa e ajudou a organizar passeatas de mães e filhos de metalúrgicos.

Junto com Lula, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980.

Marisa teve uma atitude discreta durante os dois mandatos de Lula e foi vítima de ataques infundados e criminosos nas rede sociais e da operação Lava Jato nos seus últimos anos de vida.

*Com informações da Agência PT de Notícias

TRAGÉDIA DE BRUMADINHO - A caixa-preta da fiscalização das barragens, do sigilo a auditorias contratadas pelas mineradoras

Um homem observa o rio Paraopeba, afetado pelo rompimento da barragem da mina do Feijão, em Brumadinho.  (EFE)

Legislação para controle de barragens avançou, mas faltam fiscais e preparo técnico.
Justiça mantém prisão preventiva de engenheiros de empresa alemã que vistoriou represa

Por El País - BEATRIZ JUCÁ

Pouco mais de três anos separam os dois maiores desastres ambientais no Brasil. Em 2015, o rompimento de uma barragem em Mariana deixou 19 mortos, engoliu um rio e deixou impactos ambientais tão graves que ainda são sentidos nos municípios do entorno. A apenas 90 quilômetros dali, o rompimento de outra barragem de mineração em Brumadinho causou um novo mar de lama, que matou pelo menos 121 pessoas _outras 226 continuavam desaparecidas até a noite de sábado. Nos dez anos últimos anos, alguns instrumentos de fiscalização foram aprimorados na legislação brasileira para evitar esse tipo de desastre, mas ainda mantêm uma série de pontos cegos, que vão desde a pouca transparência sobre os monitoramentos periódicos dos empreendimentos até a falta de preparação de servidores de órgãos públicos e mesmo a carência de funcionários para garantir a fiscalização.

A fiscalização contínua é um elemento-chave na equação. Segundo engenheiros ouvidos pelo EL PAÍS, as barragens de mineração como a de Mariana e Brumadinho, que armazenam os rejeitos separados de metais comercializados nas minas, são estruturas que precisam ser acompanhadas em todas as fases (construção, operação e descomissionamento) porque podem se desestabilizar e romper, na maioria das vezes por conta da má gestão de controle da água. Ou seja, se os rejeitos de liquefazem mais do que aceitável, e isso pode forçar as estruturas.

Embora essas barragens existam no Brasil há décadas, faz apenas nove anos que uma lei nacional foi criada para unificar a fiscalização e implementar a Política Nacional de Segurança de Barragens. Com esta lei, a fiscalização das barragens de mineração, antes realizada pontualmente por órgãos ambientais, passou a ser concentrada na Agência Nacional de Mineração (ANM). Hoje, 205 barragens de mineração (50 delas da Vale) são inspecionadas pela ANM. A autarquia federal deve analisar - conforme estabeleceram portarias e resoluções criadas depois da lei de 2010 - uma série de documentos de monitoramento (que incluem laudos técnicos, vídeos das barragens e declarações de estabilidade) enviados pelas próprias mineradoras. Também deve realizar inspeções in loco nas de maior impacto, mas tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas barragens de rejeitos de minérios. A carência se junta à outra: a dos órgãos de fiscalização ambiental, onde só 43% dos contratados para a função a exercem.
Mineradoras monitoram suas próprias barragens

O risco de rompimento nas barragens é medido considerando características técnicas e de conservação. Essas informações devem ser fornecidas pelas próprias empresas proprietárias (no caso de Brumadinho, a Vale) para o órgão fiscalizador, assim como os planos de ação em caso de uma emergência e relatórios periódicos de monitoramento e de conservação, realizados por terceirizadas contratada pela mineradora. A empresa Pimenta de Ávila desenvolve esse trabalho de inspeção e auditoria para mineradoras. Atuou na barragem de Mariana três anos antes do rompimento e, desde então, não tem sido contratada pela Vale ou por empresas controladas por ela. O engenheiro Joaquim Pimenta, diretor da consultora, explica que há distintos instrumentos de medição de estabilidade das barragens de mineração e que o procedimento de auditoria é diferente conforme as especificidades de cada barragem. Nesse trabalho, detalha, a empresa estuda o projeto da mineradora, avalia a segurança e emite um relatório e um laudo que atesta se a estrutura está estabilizada ou não.

Segundo ele, não é simples sintetizar possíveis causas de rompimento de barragens de mineração porque as variáveis são muito diferentes de uma barragem para outra, ainda que elas sejam do mesmo tipo. No entanto, a maioria dos casos de rompimento ocorrem por problemas no controle de água. “A água é o que derruba uma barragem, agora os controles são feitos de forma muito específica para cada barragem”, diz. Na sexta, o subsecretário de Regularização Ambiental de Minas Gerais, Hidelbrando Neto, fez declarações no mesmo sentido: "Os dois desastres (Mariana e Brumadinho) que ocorreram foram com barragens à montante e, nos dois casos, pelo menos tudo indica, que é a informação que a gente está recebendo aqui, é que foi por liquefação", disse à Reuters.

Pimenta foi uma testemunha chave no caso de Mariana, mas evita fazer comparações entre os rompimentos das duas barragens, que segundo ele tem muitas especificidades e idades discrepantes. A de Mariana foi construída em 2010 e rompeu em 2015. Já a de Brumadinho data da década de 1970. Já a Vale informa que fazia inspeções quinzenais na barragem que rompeu em Brumadinho e que elas eram reportadas à ANM. A última inspeção foi enviada à autarquia no dia 21 de dezembro do ano passado. Outras duas foram realizadas neste mês de janeiro, nos dias 8 e 22, mas estas não chegaram a ser reportadas e foram cadastradas apenas no sistema da mineradora. A ANM não esclarece se há um prazo específico entre a inspeção e o envio do laudo à autarquia, mas afirma que tem recebido todos os documentos exigidos à Vale. Segundo a mineradora, nenhuma das inspeções realizadas detectou alteração no estado de conservação da estrutura, e a barragem que rompeu era monitorada por 94 piezômetros e 41 indicadores de nível da água.

Os relatórios feitos por essas empresas de auditoria são devolvidos à empresa proprietária (no caso de Brumadinho, à Vale), que deve enviar regularmente esses laudos e declarações de estabilidade para fiscalização da Agência Nacional de Mineração. "O que acontece na mineração é que entregaram a chave do galinheiro para a raposa. Quem faz o monitoramento ambiental são as empresas. Isso tem de mudar. O Governo precisa fiscalizar e realizar auditorias nas mineradoras, o que demanda, necessariamente, investimentos em meio ambiente para qualificar as equipes dos órgãos responsáveis", defende em entrevista ao EL PAÍS o ecologista Ricardo Motta Pinto Coelho, professor da pós-graduação em geografia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Ele monitorou os desdobramentos da tragédia de Mariana por dois anos e concluiu que a impunidade joga a favor das mineradoras envolvidas em crimes socioambientais.

No caso de Brumadinho, a empresa sustenta que não houve sinais de risco de rompimento na barragem, um argumento que não foi considerado crível pela Justiça, que ordenou a prisão preventiva de ao menos cinco pessoas relacionadas ao processo de monitoramento (a detenção foi mantida neste domingo por ordem da Justiça mineira). Entre os detidos preventivamente, há funcionários da Vale e trabalhadores da companhia alemã Tüv Süd, que inspecionou a barragem e faz o tipo de trabalho no mundo inteiro. Na sexta, o jornal The Wall Street Journal revelou que funcionários da Tüv Süd Brasil também atuaram como consultores da Vale, o que configuraria conflito de interesses. O jornal lembra que em países como o Canadá, também a mineração também é setor importante, esse de atuação dupla é vetado.

Inspeções sem transparência pública e falta de preparo

A questão de falta de transparência também chama atenção. Apesar dos graves impactos gerados por um rompimento de barragem, os documentos de monitoramento produzidos por terceirizadas contratadas pelas mineradoras não são disponibilizados para consulta pública mesmo quando não há procedimento de investigação instaurado. A ANM, que concentra essa documentação, informa que recebeu o material da Vale nos prazos corretos, mas que "os documentos do processo minerário são sigilosos, em obediência à Lei de Propriedade Industrial". O EL PAÍS não identificou nesta lei o trecho que trata desse sigilo em específico, e a autarquia não explicou porquê a necessidade do sigilo para barragens que não estão sob investigação.

Uma versão simplificada dos laudos de monitoramento é enviada para a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais. A reportagem tentou ter acesso a este documento, mas a assessoria do órgão, que pediu a formalização do pedido por e-mail, não atendeu à solicitação. A própria Vale garante ter toda a documentação, mas diz que não levantará esse conteúdo - que a própria empresa diz ter disponibilizado às autoridades - porque tem priorizado o trabalho de apoio às vítimas.

O Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens foi criado na lei de 2010 com o objetivo de coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar para a sociedade as informações relacionadas à segurança de barragens em todo o território nacional. Mesmo assim, são poucas as informações que de fato são públicas. Está disponível para a sociedade um relatório anual de segurança de barragens de diversos tipos condensado pela Agência Nacional das Águas (ANA). O último deles foi disponibilizado em 2017, com informações de 2016. As barragens de Dano Potencial Associado Alto (em função de perdas de vidas humanas humanas e de elevados impactos econômicos, sociais e ambientais), como a de Brumadinho, devem elaborar um Plano de Ação de Emergência.

Trata-se de um plano que deve conter as situações de emergência em potencial da barragem, estabelecer as ações a serem executadas nesses casos e definir os agentes a serem notificados, com o objetivo de minimizar danos e perdas de vida. Deve ainda ter linguagem fácil e estar acessível tanto no empreendimento quanto na prefeitura e na Defesa Civil do Estado e do Município onde está localizada a barragem. A Folha de S. Paulo teve acesso a este documento, que indica que a Vale sabia que um eventual rompimento da barragem I da mina do Feijão inundaria o refeitório e a unidade administrativa da empresa, onde estavam centenas de funcionários.

A outra ponta, do poder público, também mostra vulnerabilidades. O prefeito de Brumadinho, Neném da Asa (PV), disse que a Defesa Civil de fato recebeu um documento com um plano de segurança enviado pela Vale, mas afirmou que o documento era "uma versão resumida" e que o município não contra-argumentou porque sequer tem estrutura de servidores com conhecimento sobre as barragens para analisá-lo com precisão. "As licenças são dadas pelo Estado, a Prefeitura dá apenas a anuência", declarou em entrevista coletiva na tarde de sexta-feira. O gestor também disse que treinamentos com a população não foram feitos pela Vale. A empresa, porém, diz que houve um treinamento no dia 16 de junho do ano passado com a comunidade e outro no dia 23 de outubro com funcionários.

A legislação brasileira estabelece que a empresa deve promover treinamentos internos, no máximo a cada seis meses e manter os respectivos registros das atividades. Também deve prestar apoio técnico aos municípios potencialmente impactados nas ações de elaboração e desenvolvimento dos Planos de Contingência Municipais, assim como instalar sirenes e outros mecanismos de alerta para alertar a comunidade em caso de emergência. A Vale diz que tinha as sirenes, mas admitiu na última semana que elas não soaram porque foram "engolfadas" pela lama, o que, em tese, deveria jogar pressão sobre a empresa para apresentar o esquema de funcionamento de sirenes em suas outras barragens.

De toda maneira, e apesar das tragédias de Mariana e Brumadinho, as mineradoras tem até junho de 2019 deste ano para instalar um vídeo-monitoramento 24 horas das barragens de mineração com alto risco - a Vale já os havia instalado em Brumadinho, cumprindo a resolução da ANM que é 2017, dois anos após a tragédia de Mariana. Esse material, que deve ficar armazenado nas mineradoras pelo prazo mínimo de noventa dias, tem auxiliado os trabalhos de busca e resgates em Brumadinho. Diante da tragédia, a ANM ampliou essa exigência do monitoramento para as demais barragens.

O impacto da tragédia é tamanho que obrigou o Governo Bolsonaro, que chegou ao poder criticando os entraves de fiscalização dos empreendimentos econômicos a modular o discurso e admitir que há problemas legais e de pessoal. "O que acontece é que nós somos muito bons em legislação, mas péssimos em fiscalização. Há que fiscalizar, é isso. Não há muito o que argumentar", disse, em entrevista ao EL PAÍS, o vice-presidente Hamilton Mourão. "O general [George] Marshall, que foi o chefe do Estado Maior do Exército americano na Segunda Guerra Mundial, dizia que para cada dólar de soldo de um militar profissional, dez centavos correspondem às ordens dadas. E noventa centavos, à fiscalização. No Brasil é isso. Tem de fiscalizar", concluiu.

ENTENDA QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS ENVIADOS PELA VALE À ANM

A última fiscalização in loco na barragem I da mina do Feijão de Brumadinho pelos servidores da Agência Nacional de Mineração foi realizada há dois anos. Desde então, a barragem era monitorada por meio do Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração. A Vale enviava diversos relatórios de inspeção quinzenal e resultados semestrais promovidos por auditorias independentes, realizadas pelas terceirizadas contratadas pela mineradora. Conheça esses documentos:
  • Revisão Periódica de Segurança de Barragem: o objetivo é verificar o estado geral da barragem e de critérios de projeto e também recomendar medidas e ações de correção e melhoria, visando a reduzir eventuais riscos apresentados pela barragem e suas estruturas associadas. devem ser realizadas em intervalos compreendidos entre cinco a dez anos (de acordo com a regulamentação do órgão fiscalizador específico).
  • Inspeções Regulares de Segurança de Barragens – IRSB: são as inspeções de segurança regular, que, juntamente com o monitoramento (auscultação), fornecem informações importantes quanto ao estado de conservação da barragem. Geram um relatório semestral para a ANM. buscam identificar eventuais problemas técnicos visíveis por meio da inspeção visual, propondo sua correção ou o acionamento de inspeções mais minuciosas específicas para realização de uma inspeção especial, focada especificamente no problema identificado. Contém, entre outros documentos, a declaração de estabilidade (no caso de Brumadinho, as duas últimas foram emitidas pela empresa alemã).
  • Inspeções Especiais de Segurança de Barragens – IRSB: será elaborada, conforme orientação do órgão fiscalizador nas fases de construção, operação e desativação, devendo considerar as alterações das condições a montante e a jusante da barragem.
  • Plano de Ação de Emergência: Deve conter todas as orientações importantes para tomada de decisão no momento de sinistro, permitindo entre outras medidas a notificação e o alerta antecipado, visando minimizar os danos materiais e ambientais além das perdas de vidas. Deve estar disponível no empreendimento e nas prefeituras envolvidas, bem como ser encaminhado às autoridades competentes e aos organismos de defesa civil.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Quais são os principais deuses da mitologia indígena brasileira?


Não é apenas a cultura grega ou nórdica que crê em seres divinos. Os índios que habitam o Brasil também trazem um legado mitológico – que permanece vivo

Por Danilo Cezar Cabral

À época da chegada dos colonizadores europeus, os mais de mil povos indígenas que viviam por aqui já tinham um rico e variado panteão de divindades, todas em estreita ligação com as forças da natureza.

Além dos tupis e dos guaranis – dois dos grupos mais importantes –, ianomâmis, araras e dezenas de outros povos deixaram um legado mitológico que permanece vivo até hoje entre os mais de 450 mil índios que habitam nosso território.

A seguir, conheça algumas dessas divindades:


Deuses tupi-guaranis

Tupa Jaci Guaraci

TUPÃ

Chamado de “O Espírito do Trovão”, Tupã é o grande criador dos céus, da terra e dos mares, assim como do mundo animal e vegetal. Além de ensinar aos homens a agricultura, o artesanato e a caça, concedeu aos pajés o conhecimento das plantas medicinais e dos rituais mágicos de cura.

JACI

É a deusa Lua e guardiã da noite. Protetora dos amantes e da reprodução, um de seus papéis é despertar a saudade no coração dos guerreiros e caçadores, apressando a volta para suas esposas. Filha de Tupã, Jaci é irmã-esposa de Guaraci, o deus Sol.

GUARACI

Filho de Tupã, o deus Sol auxiliou o pai na criação de todos os seres vivos. Irmão-marido de Jaci, a deusa Lua, Guaraci é o guardião das criaturas durante o dia. Na passagem da noite para o dia – o encontro entre Jaci e Guaraci –, as esposas pedem proteção para os maridos que vão caçar.

Ceuci Anhangá Sumé
CEUCI

Protetora das lavouras e das moradias indígenas, Ceuci foi comparada pelos colonizadores católicos à Virgem Maria, por ter dado à luz de maneira milagrosa: seu filho, Jurupari – espírito guia e guardião –, nasceu do fruto da cucura-purumã (árvore que representa o bem e o mal na mitologia tupi).

ANHANGÁ

Inimigo de Tupã, Anhangá é o deus das regiões infernais, um espírito andarilho que pode tomar a forma de vários animais da selva. Apesar de ser considerado protetor dos animais e dos caçadores, é associado ao mal. Se aparece para alguém, é sinal de desgraça e mau agouro.

SUMÉ

Responsável por manter as leis e as regras, Sumé também trouxe conhecimentos como o cozimento da mandioca e suas aplicações. Em virtude da desobediência dos indígenas, Sumé um dia partiu – saiu caminhando sobre o oceano Atlântico, prometendo voltar para disciplinar os índios.

Divindades de outras tribos

Akuanduba Yorixiriamori

AKUANDUBA

Trata-se de uma divindade dos índios araras, da bacia do Xingu, no Pará. Rigoroso, Akuanduba tocava sua flauta para trazer ordem ao mundo. Um dia, por causa da desobediência dos seres humanos, eles foram lançados na água. Os poucos sobreviventes tiveram que aprender do zero como dar continuidade à vida.

YORIXIRIAMORI

É um personagem do mito da “árvore cantante” dos ianomâmis. Com seu belo canto, Yorixiriamori deixava as mulheres encantadas, o que acabou despertando a inveja nos homens, que tentaram matá-lo. O deus fugiu sob a forma de um pássaro, e a árvore cantante sumiu da Terra.

Yebá Bëlo Wanadi
YEBÁ BËLÓ

A “mulher que apareceu do nada” é a figura principal no mito de criação dos índios dessanas, do alto do rio Negro (fronteira Brasil-Colômbia). De sua iluminada morada de quartzo, Yebá Bëló criou todo o Universo – os seres humanos surgem a partir do ipadu (folha de coca) que ela mascava.

WANADI

Deus dos iecuanas, povo da divisa Brasil-Venezuela, Wanadi criou três seres para gerar o mundo. Porém, os dois primeiros fizeram um erro e acabaram criando uma criatura deformada, que representa o lado ruim da vida (fome, doenças, morte). Coube ao terceiro ser, então, concluir com sucesso o ato da criação.

O início e o fim de tudo

Para os arauetés, do médio Xingu (PA), um marido indignado criou o mundo
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1. Triste com um insulto da esposa, o deus Aranãmi começa a cantar 
e tocar seu chocalho. Com isso, cria o solo terreno e mais três níveis: 
dois celestes e um subterrâneo, com um rio e suas ilhas.

2. Alguns homens sobem até o primeiro nível celeste e se tornam seres divinos. 
Outros se elevam ainda mais, indo morar na segunda camada, o Céu Vermelho.

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3. O solo então se rompe. Os homens caem no rio subterrâneo e 
quase todos são devorados por uma piranha e um jacaré gigantes. 
Os que escapam ficam vivendo nas ilhas.

4. Quando um habitante das ilhas morre, sua alma se divide em dois espíritos: 
um vaga por certo tempo pela terra; o outro fica na primeira camada celestial, 
em contato com os deuses.

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5. De acordo com o mito, um dia a camada celeste se romperá. 
A partir daí, os seres humanos e divinos ficarão misturados 
e não haverá diferença entre o mundo dos mortos e o dos vivos.