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sábado, 9 de março de 2019

Mangueira vence o carnaval mostrando a verdadeira História do Brasil


Por Maria Fernanda Garcia - Observatório do 3º Setor

A Estação Primeira de Mangueira venceu o carnaval do Rio de Janeiro mostrando a verdadeira História do Brasil. Heróis esquecidos dos livros de História e lembrados nas matérias e no quadro ‘Você Conhece?’ do Observatório do Terceiro Setor foram destaque no samba-enredo da escola.

A escola falou de líderes como Luiz Gama, advogado abolicionista; Luíza Mahin, ativista participante da revolta dos Malês; e Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares, e tratou de temas como as revoltas indígenas. Chico da Matilde, conhecido como Dragão do Mar, um jangadeiro do Ceará que se recusou a transportar escravos e com isso ajudou o estado a abolir a escravidão quatro anos antes do resto do Brasil, também foi lembrando pela escola. A comissão de frente retratou os “grandes nomes da História nacional” que, na verdade, têm um caminho forjado por sangue.

A escola mostrou que o descobrimento do Brasil não foi tão pacífico como contam os livros de História do país. Indígenas foram escravizados e assassinados pelos colonos. Os Bandeirantes, que nos livros são considerados heróis, na verdade eram assassinos, que dizimaram aldeias, estupraram mulheres indígenas e escravizaram os habitantes nativos. Sepé Tiaraju, um guerreiro indígena que morreu com 1500 índios lutando pelo Brasil e foi esquecido pelos livros de História, foi lembrado como herói do país.

Os carros alegóricos trouxeram frases como “Ditadura Assassina”, mostraram ex-presidentes como Floriano Peixoto pisando em cadáveres e apresentaram os Bandeirantes como gananciosos que mataram e escravizaram índios em busca de ouro.

A Mangueira também homenageou a vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada há cerca de um ano, e cuja morte até agora não foi esclarecida. O nome da vereadora foi citado no samba-enredo e no final do desfile: uma das últimas alas trouxe diversas bandeiras com o rosto da vereadora em verde e rosa (as cores da agremiação). A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, esteve presente na passarela, usando uma camiseta com os dizeres “Lute como Marielle”.

A bateria da verde e rosa levantou o público ao utilizar instrumentos característicos de religiões de matriz africana. A ação foi pensada não apenas pela sonoridade, mas também pelo tom político e social do desfile de 2019, buscando valorizar a cultura afro e criticar o preconceito contra as religiões afrodescendentes.

A Mangueira levantou o público e deu uma verdadeira aula de História na Sapucaí, mostrando a verdade por muitos anos mascarada para o Brasil e o mundo.

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