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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Artesão Severino Vitalino morre aos 78 anos em Caruaru


Filho do Mestre Vitalino estava internado no Hospital Mestre Vitalino depois de sofrer um infarto, no mês de outubro de 2018.

Por G1 Caruaru

Morreu na manhã desta segunda-feira (7) o artesão Severino Vitalino,de 78 anos, filho do Mestre Vitalino, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Ele estava internado no Hospital Mestre Vitalino depois de sofrer um infarto, no mês de outubro de 2018.

Através de nota, o Hospital Mestre Vitalino informou que Severino Vitalino apresentou uma parada cardiorrespiratória (PCR). Foram feitos os procedimentos de reanimação, mas o paciente não teve reversão do quadro, vindo a óbito por volta das 6h20.

Na unidade de saúde ele passou por cirurgia cardíaca e ficou entubado e com sedação na Unidade de Terapia Intensica (UTI) Coronariana. No mês de novembro do ano passado, Severino teve um rebaixamento do nível de consciência por quadro infeccioso e permaneceu internado do Hospital Mestre Vitalino.

Severino Vitalino foi um dos quatro filhos do Mestre Vitalino que decidiu trabalhar com o barro, seguindo os ensinamentos, ele era visto todos os dias confeccionando as peças sentado como o pai. "Não me imagino fazendo outra coisa. Trabalhei ao lado do meu pai até os 23 anos e sinto que tenho o dever de preservar a história e tudo o que ele deixou", afirmou durante uma entrevista dada ao G1 Caruaru. Em 2017, o artesão foi habilitado no Prêmio Culturas Populares Gomes de Barros, oferecido pelo Ministério da Cultura. O projeto dele recebeu nota máxima.

De acordo com as informações da família, o velório será realizado na casa que Severino residia na Rua Mestre Vitalino, 281, Alto do Moura. O sepultamento será no cemitério do bairro, na terça-feira (8), às 9h.

OS SUPERSALÁRIOS DAS FORÇAS ARMADAS: MILITAR CHEGA A RECEBER R$ 226 MIL

Imagem: Divulgação

Não é só o Poder Judiciário que goza de supersalários no Brasil: as Forças Armadas têm privilégios parecidos. E a quantidade de servidores públicos da área é 10 vezes mais que o do setor de Saúde. Grande parte dos funcionários públicos do governo federal é militar: no Executivo, a cada três servidores, um é vinculado às Forças Armadas. Além disso, entre todos os ministérios, o da Defesa é o que mais emprega: são 395.667 servidores, o que o coloca à frente da pasta da Educação, com 302.938; e bastante acima da Saúde, com 33.476


Da Agência Publica - Grande parte dos funcionários públicos do governo federal é militar: no Executivo, a cada três servidores, um é vinculado às Forças Armadas. Além disso, entre todos os ministérios, o da Defesa é o que mais emprega: são 395.667 servidores, o que o coloca à frente da pasta da Educação, com 302.938; e bastante acima da Saúde, com 33.476.

A quantidade de militares reflete no orçamento. Em 2017, foram gastos R$ 22,6 bilhões com remuneração de funcionários públicos militares, do total de 63,1 bilhões que o país empregou em Defesa.

Em levantamento inédito com base em dados do Portal da Transparência, a Pública desmembrou mais de 4,4 milhões de registros de pagamentos a militares e descobriu que vários deles ultrapassaram o teto constitucional do funcionalismo, de R$ 33,7 mil mensais.

No ano passado, 713 remunerações mensais de membros das Forças Armadas ficaram acima desse teto. O cálculo já considera descontos de impostos como o de Renda, pagamentos para o fundo de pensão militar e o de saúde, além da aplicação do abate-teto, que, em teoria, deveria limitar rendimentos acima do limite constitucional.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa não respondeu até a publicação por que essas remunerações ultrapassam o teto constitucional.

O maior pagamento único feito pelas Forças Armadas em 2017 foi ao tenente-coronel do Exército Erivam Paulo da Silva, que embolsou no mês de outubro mais de R$ 226 mil. Os dados do Portal da Transparência especificam apenas que se trata de pagamentos atrasados. O militar havia sido denunciado em 2010 por participação em uma quadrilha que desviou bens apreendidos pela Receita Federal durante a operação Pilantropia.

À época das acusações, três servidores federais, dois empresários, um despachante aduaneiro e um comerciante foram presos. O processo, que segue atualmente no Tribunal Regional da 2a Região, absolveu o militar em 2016, mas as últimas peças de tramitação ainda não são públicas. Procurada, a assessoria do tribunal informou que a peça com a última decisão sobre os embargos de declaração não foi publicada. O Ministério da Defesa e o Comando do Exército foram procurados pela reportagem para se posicionar sobre o caso, mas não responderam.

Conforme a Pública apurou, há casos de militares que receberam pagamentos acima do teto por vários meses em 2017. O major-brigadeiro da Aeronáutica Dilton José Schuck, secretário de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional da Presidência da República, recebeu em quatro meses quantias acima dos R$ 33,7 mil. Ao todo, ele embolsou R$ 375 mil no ano. Segundo o Portal da Transparência, os valores são decorrentes de pagamentos atrasados.

Procurado, o Ministério da Defesa não explicou por que valores pagos em atraso superam o teto constitucional, embora exista o mecanismo do "abate-teto".

Verbas indenizatórias ultrapassam R$ 100 mil no mês

Além da remuneração regular e valores atrasados, que são suscetíveis aos impostos e abatimentos, os militares recebem verbas indenizatórias – como auxílios de alimentação e transporte – que não estão sujeitas ao teto do funcionalismo.

Em 2017, as Forças Armadas pagaram mais de R$ 2 bilhões em verbas indenizatórias a todos os seus militares.

Apenas o coronel do Exército Ricardo dos Santos Nogueira recebeu R$ 189 mil em verbas indenizatórias. Em março, foram mais de R$ 105 mil pagos ao oficial sob a justificativa de transferência. Em dezembro, o mesmo militar recebeu mais de R$ 70 mil novamente em verbas indenizatórias.

Atuação em empresas públicas rende pagamentos milionários a militares
Fora as verbas indenizatórias, Exército, Marinha e Aeronáutica pagam ainda os chamados jetons, que são pagamentos pela participação dos militares como seus representantes em empresas ou conselhos da União, como a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer).

No ano passado, as Forças Armadas desembolsaram R$ 797 mil em jetons. Mais da metade desse valor foi para o secretário de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar José Magno Resende de Araújo, que recebeu R$ 433 mil em pagamentos da Embraer.

Araújo, que é membro efetivo do Conselho de Administração da Embraer, recebeu 11 pagamentos da empresa em 2017, todos eles acima dos R$ 37 mil mensais, sem contar a sua remuneração habitual, paga pela Aeronáutica, de mais de R$ 19,6 mil mensais.

Procurada, a Aeronáutica explicou que os pagamentos são previstos por lei, pois trata-se da remuneração ao representante do governo no conselho da Embraer, eleito em assembleia geral em 12 de abril de 2017 para um mandato de dois anos.

Fora a Embraer, empresas públicas como a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) e a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul) também pagaram a militares em 2017.

Forças Armadas pagam salários milionários, mas apenas para altas patentes
Somados, remunerações, verbas indenizatórias e jetons levaram a mais de R$ 19,9 bilhões em pagamentos a militares em 2017, já descontados os impostos e deduções. Contudo, a distribuição desses valores entre os oficiais é desigual.

A maior remuneração de todas é justamente do tenente-brigadeiro Araújo, que ganhou mais de R$ 704 mil no ano, somando-se as três formas de pagamento. Esse valor representa uma média de R$ 58,6 mil ao mês (incluindo o pagamento do 13º salário)

Já a maior remuneração anual de soldado-recruta da Marinha não chega aos R$ 49 mil ao ano, ou cerca de R$ 4 mil por mês.

A média das remunerações também varia: enquanto a média anual do tenente-brigadeiro é de R$ 315 mil (R$ 26,25 mil por mês), a do soldado-recruta da Marinha é de R$ 9,4 mil (R$ 783 por mês).

Média de remuneração em 2017 por patente (inclui indenizações, jetons e descontos)

No exterior, militares custaram mais de meio bilhão

Fora as remunerações a militares em atuação no território nacional, as Forças Armadas pagam valores em dólares a oficiais em operação no exterior. Ao todo, esses militares receberam US$ 183 milhões no ano passado, o equivalente a R$ 585,6 milhões.

Segundo apuração da Pública, a maior remuneração em 2017 foi paga ao adido militar brasileiro em Angola e São Tomé e Príncipe, Claudio Henrique da Silva Plácido, que embolsou US$ 464 mil em salários e indenizações, já descontados os impostos e abatimentos. Em reais, a remuneração ultrapassaria R$ 1,4 milhão (considerando o valor médio do dólar em 2017 de R$ 3,20)

Um adido é um oficial que faz a segurança e acompanha as atividades das delegações diplomáticas brasileiras. Segundo o Portal da Transparência, atualmente o Brasil possui 123 adidos e auxiliares de adidos em mais de 40 países.

A Pública procurou a embaixada do Brasil em Angola, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O Itamaraty respondeu que remuneração de militares deve ser tratada com o Ministério da Defesa, que não respondeu até o momento.

Pensões de militares são caixa-preta e custam 80% dos gastos com pessoal
Além dos pagamentos a militares na ativa, as Forças Armadas direcionam boa parte do orçamento a oficiais aposentados, afastados ou a familiares de militares falecidos.

Segundo dados do Ministério do Planejamento, em 2016, a cada real gasto com militares ativos, R$ 0,80 foram gastos com beneficiários de pensões.

Sozinhos, os pensionistas das Forças Armadas custam anualmente quase duas vezes todo o gasto com pessoal do Legislativo federal, incluindo ativos, aposentados e pensionistas. O gasto com pensionistas militares é tão alto que esse grupo responde por 6% de toda a despesa do governo federal com pessoal.

Despesas de pessoal militar em 2017

*Além da remuneração, inclui gastos como execução de sentenças judiciais e restituições trabalhistas; Fonte: Painel Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento

Parte do custo com pensionistas das Forças Armadas deve-se a filhas solteiras de militares, situação similar à que ocorre com as herdeiras do Judiciário – como a Pública mostrou nessa reportagem. A pensão vitalícia a filhas solteiras de militares foi extinta para oficiais que ingressaram após 2001. Contudo, o benefício pode ser mantido caso o oficial pague um adicional de 1,5% na contribuição previdenciária.

Apesar de tratar de recursos públicos, a lista individual de pensionistas das Forças Armadas não é divulgada. O Ministério da Defesa negou o pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI) feito pela Pública, alegando que a publicação desses dados fere sigilo pessoal.

Em pedidos de informação prévios, as Forças Armadas se limitaram a informar que, atualmente, há cerca de 110 mil filhas de militares que recebem pensões vitalícias.

domingo, 6 de janeiro de 2019

VIDEO: Ativista denuncia quadrilha de tráfico de bebês que seria ligada a João de Deus

(Foto: Divulgação)
Por Redação da Forum


Em vídeo publicado em sua página no Facebook na quinta-feira (3), Sabrina Bittencourt, que mobilizou mulheres para denunciarem abusos de João de Deus denuncia uma quadrilha de tráficos de bebês ligada ao médium.

“Com o fim de colaborar com a Polícia Federal, FBI e Polícia Internacional da União Europeia, na identificação das rotas de fuga de tráfico de bebês e escravidão sexual das mulheres que sistematicamente foram obrigadas e coagidas a parir e entregar estes bebês”, que faz parte da Força Tarefa Somos Muitas, que conduz investigação independente sobre abusos cometidos por líderes espirituais no Brasil.

Segundo Sabrina, as crianças são vendidas por até US$ 50 mil em países da Europa. “Eles são levados em geral, por guias turísticas espirituais (mas também por funcionários/as e quadrilha) para EUA, Europa e Austrália e vendidos por 20 a 50 mil dólares”.

No vídeo, ela pede ajuda a pessoas que tenham informações e queiram denunciar – de forma anônima – ao grupo.

Assista ao vídeo.



Conheça a trajetória de Paulo Freire, educador referência e alvo do governo Bolsonaro



Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, no estado de Pernambuco, no dia 19 de setembro de 1921. Seus pais chamavam-se Joaquim Temístocles Freire e Edeltrudes Neves Freire.

Com o falecimento do seu pai, capitão da Polícia Militar, era difícil para a mãe assegurar as condições para os filhos, tal como manter Paulo Freire na escola. Paulo Freite tinha apenas 13 anos.

Foi quando sua mãe pediu ajuda e o diretor do Colégio Oswaldo Cruz o tornou auxiliar de disciplina, além de ter concedido matrícula gratuita. Mais tarde, Paulo Freire tornou-se professor de língua portuguesa na mesma escola.

Na Universidade, estudou direito. Casou, teve 5 filhos e lecionou Filosofia, até que conquistou o cargo de diretor do setor de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria.

Após ser perseguido pelo regime militar, em decorrência do seu método de alfabetização considerado ameaçador, foi preso depois do golpe militar de 64. Tudo começou quando João Goulart, então presidente do Brasil, o convidou para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização.

Depois de ficar preso durante alguns meses, foi exilado, permanecendo durante 16 anos fora do país, primeiramente no Chile, depois na Suíça.

Lecionou no Estados Unidos, em Harvard em 1969, e na Suíça trabalhou como consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das Igrejas.

Em tantos países subdesenvolvidos, também trabalhou em consultoria educacional até que regressou ao Brasil na década de 80. Após o exílio, em 1989, Paulo Freire se tornou secretário da educação no município de São Paulo. Mas antes lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Recebeu vários prêmios, dentre os quais: Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento (Bélgica, 1980), Prêmio UNESCO da Educação para a Paz (1986) e Prêmio Andres Belloda Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).

Reconhecido internacionalmente, o educador célebre também recebeu cerca de 40 títulos de Doutor Honoris Causa.

Faleceu em São Paulo no dia 2 de maio de 1997 em decorrência de um infarto.

Método Paulo Freire

O método de alfabetização de Paulo Freire, conhecido como método inovador no ensino da alfabetização, foi adotado pela primeira vez no Rio Grande do Norte, em 1962.

Na ocasião, alfabetizou 300 trabalhadores agrícolas no âmbito do projeto a que chamou “Quarenta horas de Angicos”.

Para o educador, as cartilhas não beneficiavam a aprendizagem, porque distanciavam-se da realidade dos alunos. Assim, no caso dos adultos, a alfabetização deveria fazer referência ao seu cotidiano em termos laborais e não só.

O método de Paulo Freire surgiu da sua preocupação com os excluídos, principalmente os analfabetos das zonas rurais. Envolvia política, no sentido de promover a crítica e atuação das pessoas na sociedade.

Quando estava exilado, desenvolveu seu trabalho de alfabetização de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária.

Obras

Cartas à Guiné-Bissau (1975)
Educação e mudança (1981)
A importância do ato de ler em três artigos que se completam (1982)
Pedagogia da esperança (1992)
Política e educação (1993)
À sombra desta mangueira (1995)

Frases

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

"A Educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática."

"Não se pode falar de educação sem amor."

"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor."

"A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa."

Madeireiros armados invadem terra indígena no Pará

(Foto: Reprodução)
Um grupo de madeireiros armados invadiu um território indígena localizado entre as cidades de Uruará e Medicilândia nesta quinta-feira (3). A situação na terra Arara é tensa e há eminente risco de conflito entre invasores e indígenas.

A diretora de proteção territorial da Funai (Fundação Nacional do Índio), Azelene Inacio, confirmou a invasão à imprensa nacional. "Estamos acompanhando a situação. Uma equipe de servidores locais da Funai já foi deslocada para a área", disse à reportagem da Agência Estado.

Nos últimos anos Uruará e Medicilândia sofrem com a pilhagem brutal de madeira. As cidades paraenses são vizinhas de Altamira e também sofrem os efeitos do processo de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Na região há grande volume de madeiras nobres e as terras indígenas são os principais alvos dos invasores por serem aquelas com as florestas mais preservadas.

Em março de 2017, uma operação conjunta da Funai, Ibama e Polícia Federal foi realizada na região, por causa de tentativas de loteamento de uma área próxima à Transamazônica. O loteamento foi abandonado. A terra indígena Arara teve seus limites homologados por meio um decreto publicado em dezembro de 1991, pelo então presidente Fernando Collor. Sua área total é de 274 mil hectares.

(Com informações da Agência Estado)

Ataque em Colniza (MT) mata um trabalhador rural e deixa outros três em estado grave



Em 2017, nove trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados no município 

Entidades haviam avisado em novembro sobre “tragédia anunciada”; é a primeira morte no campo em 2019

Por Brasil de Fato | São Paulo (SP),

6 de Janeiro de 2019 às 12:57. Na madrugada deste sábado (5), foi registrada a primeira morte por conflitos agrários de 2019, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O trabalhador rural morto é conhecido, até o momento, apenas como Eliseu. Segundo a entidade, o ataque ainda deixou oito feridos, três em estado grave. O atentado aconteceu na Fazenda Agropecuária Bauru, conhecida como Fazenda Magali, em Colniza, Mato Grosso.

A CPT relembra em sua nota que o assassinato é uma “tragédia anunciada”, dado que a entidade, em conjunto com o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) já havia emitido, em novembro de 2018, uma nota alertando para o conflito na região, “onde 200 famílias reivindicam o direito à terra e viviam sob a mira de 30 pistoleiros”.

“Das quase 200 famílias que lá estão sob a mira dos pistoleiros na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas são posseiras, outras compraram o direito de estar na terra, e já moram em seus lotes há algum tempo. Produzem e criam animais. São pessoas que apostaram no sonho de construir uma vida com o suor do trabalho. Não podemos deixar que mais um massacre aconteça, que mais uma violência aconteça a estas pessoas que já nasceram vulneráveis e que, por sua condição de pobreza, já nasceram em estado de exceção”, afirma a nota.

O ataque, de acordo com testemunhas, aconteceu enquanto trabalhadores rurais buscavam água no rio Traíra, próximo ao acampamento.

                     

"Todos sabiam", diz a nota de novembro de 2018. (CPT | Reprodução)

Uma a cada cinco dias

O campo brasileiro vive uma escalada violenta pelo direito à terra. Segundo a CPT, desde o golpe perpetrado contra Dilma Rousseff, aumentou o número de assassinatos por terra. Em 2017, segundo o relatório Conflitos no Campo, o número de mortes foi o maior desde 2003, com 71 trabalhadores e trabalhadoras rurais mortos, uma pessoa a cada cinco dias.

Em 19 de abril de 2017, 9 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados em Colniza, no Projeto de Assentamento Taquaruçu do Norte. Segundo a Pastoral, “Muitos foram surpreendidos enquanto trabalhavam na terra ou dentro de seus barracos. Foram mortos a tiros e por golpes de facão. De acordo com a perícia houve tortura. Vários corpos estavam amarrados e dois foram degolados”.

A região ficou conhecida em 2004, após um estudo da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), que apontava Colniza como a cidade mais violenta do Brasil. Distante 1.065 km de Cuiabá, com seus 20 mil habitantes, o município chegou a registrar 165,3 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.

A mortalidade se explica pela questão fundiária local, com conflitos entre posseiros, indígenas, garimpeiros, madeireiros, seringueiros e agentes do poder público. Apenas 20% das terras são regularizadas na região, segundo dados da prefeitura.

Edição: Nina Fideles

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Papa Francisco, afirma: é um escândalo ir à igreja e odiar os outros



A oração feita em silêncio, do fundo do coração, e que gera mudanças na vida, e não aquela que desperdiça palavras. Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco deu continuidade a seu ciclo de catequeses sobre a oração do Pai Nosso.

Jackson Erpen – Cidade Vaticano

Na primeira Audiência Geral do ano de 2019, o Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Pai Nosso, iniciado em 5 de dezembro, inspirando-se nesta quarta-feira na passagem de Mateus 6, 5-6.

O Evangelho de Mateus – explicou Francisco aos 7 mil presentes na Sala Paulo VI – coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a primeira a receber a entrega do Pai Nosso.

O Evangelho é revolucionário

Neste “longo ensinamento” chamado “Sermão da Montanha”, de fato, Jesus condensa os aspectos fundamentais de sua mensagem:

“Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que em seu tempo - mas também no nosso! – não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de coração ... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário".

"Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus”. É como se Jesus - explica o Papa - estivesse dizendo: “em frente, vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência no amor e no perdão!”

Desta porta de entrada, que inverte os valores da história, brota a novidade do Evangelho:

“A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva completamente nova”.

Este é “o grande segredo que está na base de todo o Sermão da Montanha: sejam filhos de vosso Pai que está nos céus”, disse o Pontífice, chamando a atenção para o fato de que em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto de parecer impraticável. Mas pelo contrário, “descobrimos que são sobretudo um discurso teológico:

“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do que os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com o nome de "Pai", para deixar-se renovar por seu poder e de refletir um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas notícias”.
Coerência cristã

E Jesus – explica o Papa – introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso” distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas”, que rezam nas praças e sinagogas para serem vistos. “Há pessoas – disse o Francisco - que são capazes de tecer orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens”, completando:

“E quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho”.

A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho crível senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo contínuo com o Pai.

Rezar com o coração

Jesus então, continuou Francisco – “toma distância das orações dos pagãos” - que acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. O Papa recorda a cena do Monte Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam, pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se revela:

“Os pagãos pensam que falando, falando falando, se reza. Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro”.

O Pai Nosso – reitera o Santo Padre - “poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem ouvidos”.

Deus não precisa de sacrifícios para conquistar seu favor

“Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos descobrirmos sempre seus amados filhos”, disse o Papa ao concluir.

Após o resumo da catequese nas diversas línguas, houve a apresentação de um grupo cubano de dança e malabarismo.