LITTLE BIGHORN
O passado nunca nos abandona, pois sua presença nas mentalidades nos assombra. Assim ocorre com a Batalha de Little Bighorn (1875), seus soldados e comandantes. O fantasma do General Custer e sua cavalaria de conquista, vigilância militar, remoção e confinamento em reservas foram invocados dos EUA e convocados para comparecer ao Brasil para justificar a espoliação dos povos indígenas.
Little Bighorn foi um combate entre o 7º regimento de cavalaria do Exército dos Estados Unidos contra uma confederação entre os índios Lakota e Cheyenne do norte. Foi a mais famosa das chamadas guerras indígenas com vitória para os índios durante os dias 25 e 26 de junho de 1876 perto do rio Little Bighorn, Território de Montana.
A cavalaria dos EUA foi comandada pelo tenente-coronel George Armstrong Custer, considerado herói da guerra civil, que perdeu todos os seus soldados.
Ao avistar o acampamento indígena nas margens do rio, dividiu seus homens em quatro grupos, mesmo avisado por dois batedores indígenas de que se tratava de um grande grupo. Custer era militar experiente, mas também ávido por patentes e político habilidoso.
Avaliou que os índios fugiriam ao primeiro sinal de ataque e decidiu atacar sem esperar os reforços. Seus comandantes logo perceberam que o grupo Lakota e Cheyenne era numeroso e não fugiria, decidiram abrir fogo a distância e bater em retirada, mas foram atacados ferozmente e fugiram, sendo socorridos por outra coluna de Custer.
Quando finalmente chegou Custer pelo norte da aldeia, seus soldados do sul haviam sido totalmente repelidos, Cavalo Louco (Tȟašúŋke Witkó) simulou fugir, mas retornou e atacou o flanco dos 210 homens de Custer. Tiveram de sacrificar seus cavalos para tentar se proteger, mas foi em vão.
Foi um desastre militar histórico que levou o exército a investigar as causas. Concluíram que houve desde alcoolismo até covardia dos comandantes. Tornou-se um ponto de honra para o exército americano esmagar os índios e eliminar todos os seus meios de subsistência, empurrando-os para as reservas e prisões.
Por que lutaram os índios?
Garimpeiros desrespeitaram o Tratado de Fort Laramie, assinado em 1868 com o chefe cheyenne Coyote Pequeno (Ó'kôhómôxháahketa) e matarem o líder Falcão Pequeno (Čhetáŋ Čík’ala), pai de Cavalo Louco.
No inverno de 1875, as terras sagradas de Black Hills, dos índios Sioux e Cheyenne, foram invadidas por garimpeiros atrás de ouro nas terras indígenas. Os índios foram forçados a deixar as terras e se refugiar em Montana, junto ao xamã e líder Touro Sentado (Tȟatȟáŋka Íyotake).
Na primavera seguinte, houve duas campanhas militares da cavalaria nas quais os militares saíram vitoriosos. Um relatório da Inspetoria Indígena levou ao envio de uma força para atacar o grupo de Touro Sentado e Cavalo Louco, chefes do povo Sioux, considerados contrários aos interesses norte-americanos e inimigos do progresso.
A confiança de Cavalo Louco e seus seguidores vinha de uma visão profética de Touro Sentado.
Touro Sentado foi assassinado em 1890 na prisão da reserva indígena Standing Rock (Dakota do Sul), pois estimulava a prática de danças tradicionais. Cavalo Louco também morreu na prisão em 1877, após ser ferido pelos guardas de Fort Robinson (Nebraska).
Atualmente, os remanescentes indígenas nos EUA formam uma população de 5.220.579 indivíduos, constituindo 1.6% da população total do país, segundo informações do censo de 2010.
REFERÊNCIAS E FONTES:
The North American Indian, v. III. Cambridge, MA: The University Press, 1908.
NOTAS:
1. Pesquisa, organização e adaptação: Neimar Machado de Sousa, doutor em história da educação (UFSCar) e pesquisador (FAIND/UFGD). Karai Nhanderovaigua. E-mail: neimar.machado.sousa@gmail.com
2. O artigo tem objetivo educacional e formato adaptado às mídias sociais.
3. A grafia adotada para as palavras indígenas segue as fontes consultadas.
4. METADADOS: little big horn, crazy horse,
5. IMAGEM: PEARSON, J. Black Elk (primo de crazy horse e testemunha de sua bravura). 2019.
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